quarta-feira, 19 de junho de 2013

DICAS DE LEITURA COM SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM



O livro apesar de ter uma linguagem acessível, é bastante profunda e irônica. É importante não se ater apenas à história narrada, mas explorar também a personalidade e o perfil psicológico construído pela autora para cada personagem. A Hora da Estrela é um dos poucos trabalhos da escritora que se atém mais aos fatos do que à subjetividade intimista.

O relato é construído por duas camadas que se interligam de maneira contínua:
A camada do narrador: Rodrigo S.M., o primeiro narrador masculino na obra de Clarice, atormenta-se ao escrever uma novela sobre uma jovem nordestina. Ele questiona o tempo inteiro o seu próprio modo de narrar, o seu estilo, a sua capacidade de compreender Macabéa, moça de extração sócio-cultural inferior. Simultaneamente, tenta desvelar o jogo complicado que o seu texto empreende entre a ficção e a realidade. Em última instância, o que ele procura é desvendar o significado da literatura e da existência.
A camada de Macabéa: é o registro da medíocre trajetória no Rio de Janeiro de uma alagoana de 19 anos, moradora de um quarto de pensão que divide com quatro balconistas das Lojas Americanas. Macabéa é moça raquítica, feia, solitária e morrinhenta, além de ser uma datilógrafa de segunda categoria. Alienada, sonsa, adora ouvir a Rádio Relógio, coleciona pequenos anúncios num álbum e gostaria de ser artista de cinema. Trata-se de uma jovem sem qualquer tipo de vida interior, sem futuro e com um passado inexpressivo, quase cretina.

Após a leitura do livro, segue uma situação de aprendizagem que pode ser realizada a partir da leitura do texto :



A  HORA  DA  ESTRELA
                                                                Clarice Lispector

Rodrigo S. M., narrador onisciente, constitui um dos personagens centrais de "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector. Cria e narra a vida de Macabéa. Identifica-se com ela, mesmo quando a agride. Nota-se aí uma metalinguagem: autor - narrador fala de sua própria obra e busca nela e com ela conhecer-se e reconhecer-se. "Mas a pessoa de quem falarei mal tem corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, não faz falta a ninguém.”
O narrador se funde com sua personagem: ambos marginalizados, num espaço impróprio para eles. Toda a expressão do texto é para se explicar. Rodrigo acaba priorizando o relato dos recursos textuais a falar de Macabéa. Essa, ironicamente, só ganha destaque na hora de sua morte. Por isso o título: A hora da estrela, hora da nossa morte. Nesse momento, o ser humano deixa de ser invisível às pessoas. Elas só percebem tal existência quando ela já não existe mais.
O romance narra as desventuras de Macabéa, moça sonhadora e ingênua, recém-chegada do Nordeste ao Rio de Janeiro com valores e cultura diferentes. Alagoana, virgem, ignorante, dezenove anos. Órfã de pai e mãe, criada pela tia. Diz-se "datilógrafa". Corpo franzino, doente, feia, maus hábitos de higiene. Desprovida de qualquer encanto e incapaz de comunicar-se com os outros. Veio para o Rio buscar a dignidade, como se não tivesse direito a ela. Essa nordestina leva uma vida simples, sem grandes emoções. Começa a namorar Olímpico de Jesus. Ele não vê nela chances de ascensão social de qualquer tipo. Por isso, abandona-a para ficar com Glória, colega de trabalho.
Macabéa vai ao médico. Está tuberculosa, mas não conta a ninguém. Glória percebe sua tristeza e a aconselha a buscar consolo numa cartomante. Madame Carlota prevê um futuro feliz, vindo de um estrangeiro, homem loiro com quem casaria. De certa forma, isso acontece: ao sair da casa da cartomante, Macabéa é atropelada por uma Mercedes amarela dirigida por um homem loiro. Cai no asfalto, morre.

Texto II - LITERATURA  DE  CLARICE LISPECTOR


Clarice adota discurso regionalista em “A hora da estrela”, algo incomum em suas obras. A autora foi muitas vezes criticada por se afastar da literatura regional emergente do Modernismo Brasileiro. Em “A hora da estrela”, ela foge do "hermetismo" característico de suas primeiras obras e alia sua linguagem à vertente regionalista da segunda geração do Modernismo Brasileiro. Na época da publicação, o crítico literário Eduardo Portella falou do surgimento de uma "nova Clarice", com uma narrativa extrovertida e "o coração selvagem comprometido com a situação do Nordeste Brasileiro. A hora da estrela é uma obra-prima da literatura brasileira, principalmente, pelas reflexões de Rodrigo sobre o ato de escrever, sua própria vida e a anti-heroína Macabéa.



1.   O narrador do texto é considerado onisciente porque:



A – narra todos os acontecimentos

B – conhece tudo sobre a história e os personagens do texto

C – está presente em várias passagens do texto

D – muda a trajetória dos personagens



2.   A metalinguagem do texto aparece quando o autor:



A – fala de sua vida

B – fala sobre sua obra

C – fala de sua personagem principal

D – cria um personagem



3.   De acordo com o final do 1º parágrafo do texto, Macabéa era:



A – bonita

B – interessante

C – prostituta

D – inútil



4.   Rodrigo S. M., no livro “A Hora da estrela” é:



A – apenas narrador

B – apenas personagem

C – personagem e narrador

D – nem personagem nem narrador



5.   Nesse texto, Macabéa e o narrador:



A – são marginalizados e vivem num espaço próprio para eles.

B – não são marginalizados, mas vivem num espaço impróprio para eles.

C – são marginalizados e vivem num espaço impróprio para eles.

D – são marginalizados, mas vivem num espaço apropriado para qualquer pessoa.



6.   No livro a autora faz uma crítica às pessoas, pois elas só dão valor aos outros quando:

A –   nascem

B – fazem algo interessante

C – têm dinheiro

D – morrem



7.   O narrador do texto(Rodrigo) enfatiza em seu relato:



A – Macabéa

B – os demais personagens do texto

C – a si mesmo

D – os recursos textuais



8.   A hora da Estrela, hora mais importante de qualquer pessoa, nesse livro de Clarice está mesmo no momento de:



A – nossa chegada ao mundo.

B – nossa partida desse mundo.

C – um feito interessante em nossa vida.

D – uma reflexão sobre a vida.

 

9.   Nesse romance de Clarice Lispector, ela mostra Macabéa, como uma:



A – uma retirante alagoana vinda para o São Paulo sem cultura e valores.

B – uma retirante nordestina vinda para o Rio de Janeiro com cultura e valores diferentes.

C – uma mineira vinda para o Rio de Janeiro com cultura e valores diferentes.

D – uma retirante nordestina vinda para o Rio de Janeiro com cultura e valores iguais aos cariocas.



10. Olímpio de Jesus abandona Macabéa principalmente por que: 



A – Macabéa não lhe mostrava chances de ascender-se socialmente.

B – Macabéa era feia, pobre e inexperiente.

C – Glória, sua nova namorada, era bonita, inteligente e o amava de verdade.

D – ele amava Glória de verdade. 

 Indico aos meus colegas, que trabalhem o livro em sala, é uma ótima opção de leitura e os alunos gostam muito.
 

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