quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Poema "Aula de Leitura"

                                                  
                                                  A leitura é muito mais
                                                 do que decifrar palavras.
                                                 Quem quiser parar pra ver
                                                 pode até se surpreender:
                                                 vai ler nas folhas do chão,
                                                 se é outono ou se é verão;
                                                 nas ondas soltas do mar,
                                                 se é hora de navegar;
                                                 e no jeito da pessoa,
                                                 se trabalha ou se é à-toa;
                                                 na cara do lutador,
                                                quando está sentindo dor;
                                                vai ler na casa de alguém
                                                o gosto que o dono tem;
                                                e no pelo do cachorro,
                                                se é melhor gritar socorro;
                                                e na cinza da fumaça,
                                                o tamanho da desgraça;
                                                e no tom que sopra o vento,
                                                se corre o barco ou vai lento;
                                                também na cor da fruta,
                                                e no cheiro da comida,
                                                e no ronco do motor,
                                                e nos dentes do cavalo,
                                                e na pele da pessoa,
                                                e no brilho do sorriso,
                                                vai ler nas nuvens do céu,
                                                vai ler na palma da mão,
                                                vai ler até nas estrelas
                                                e no som do coração.
                                                Uma arte que dá medo
                                                é a de ler um olhar,
                                                pois os olhos têm segredos
                                                difíceis de decifrar.
                                                                                     Ricardo Azevedo

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A importância da leitura na vida das pessoas

http://www.youtube.com/watch?v=NnUAktM7eFY

Vídeo ótimo para ser passado aos alunos, já que é um jovem explicando da importância do hábito de ler na vida das pessoas.

Situação de aprendizagem



SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM A PARTIR DA MÚSICA: DANÇA DO DESEMPREGADO.

Dança Do Desempregado

Gabriel O Pensador

Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E vai levando um pé na bunda vai
Vai por olho da rua e não volta nunca mais
E vai saindo vai saindo sai
Com uma mão na frente e a outra atrás
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E bota a mão no outro bolso (Não tem nada)
E vai abrindo a geladeira (Não tem nada)
Vai porcurar mais um emprego (Não tem nada)
E olha nos classificados (Não tem nada)
E vai batendo o desespero (Não tem nada)
E vai ficar desempregado
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E vai descendo vai descendo vai
E vai descendo até o Paraguai
E vai voltando vai voltando vai
"Muamba de primeira olhaí quem vai?"
E vai vendendo vai vendendo vai
Sobrevivendo feito camelô
E vai correndo vai correndo vai
O rapa tá chegando olhaí sujô!...
E vai rodando a bolsinha (Vai, vai!)
E vai tirando a calcinha (Vai, vai!)
E vai virando a bundinha (Vai, vai!)
E vai ganhando uma graninha
E vai vendendo o corpinho (Vai, vai!)
E vai ganhando o leitinho (Vai, vai!)
É o leitinho das crianças (Vai, vai!)
E vai entrando nessa dança
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você
E bota a mão no bolsinho (Não tem nada)
E bota a mão na carteira (Não tem nada)
E não tem nada pra comer (Não tem nada)
E não tem nada a perder
E bota a mão no trinta e oito e vai devagarinho
E bota o ferro na cintura e vai no sapatinho
E vai roubar só uma vez pra comprar feijão
E vai roubando e vai roubando e vai virar ladrão
E bota a mão na cabeça!! (É a polícia)
E joga a arma no chão E bota as mãos nas algemas
E vai parar no camburão
E vai contando a sua história lá pro delegado
"E cala a boca vagabundo malandro safado"
E vai entrando e olhando o sol nascer quadrado
E vai dançando nessa dança do desempregado
Essa é a dança do desempregado
Quem ainda não dançou tá na hora de aprender
A nova dança do desempregado
Amanhã o dançarino pode ser você


Gosto muito de trabalhar com música inclusive quando o autor dela é Gabriel o pesador.

1- O que você sabe sobre a situação do desemprego no Brasil?
2-Existe alguém desempregado em sua família?
3-Vocês acham que diante do desemprego, um trabalhador desesperado vendo seus filhos passarem por necessidade e praticar um roubo, ele deve ir para cadeia e ser condenado por isso? Se um de vocês fosse um juiz e tivesse que tomar essa decisão, o que faria?
4-Pedi para que em grupos de quatro alunos produzissem argumentos e pontos de vista como: Ele estava certo ou errado?
5-Coloquei a música e pedi que refletissem sobre o que tinham argumentado anteriormente depois de ouvir a música;
6-Após a audição teve um debate organizado pelos grupos com pensamentos diferentes para que refletissem mais sobre o assunto;
a-      O que mais chamou a atenção de vocês  na musica de Gabriel o pensador?
b-      Você gostou dessa música? Por quê?
c-      O autor da música pensa como vocês ou não?
7-A partir do vocabulário do autor do texto pedi para que pesquisassem sobre os grupos sociais existentes como: médicos, professores, surfistas e outros, para analisarem as variedades lingüistas, o uso da linguagem formal ou coloquial;
8- Teve então uma socialização do material pesquisado  para que todos observassem as variedades linguísticas;
a-      Como produto  final, produziram um artigo de opinião elaborado pelos grupos a partir do tema: O problema do desemprego no Brasil pode ser resolvido?

domingo, 23 de junho de 2013

Poema-narrativo



O segundo caderno trabalha a narrativa presente nas músicas (6º ano). Complementando essa temática segue um poema-narrativo muito interessante para trabalharmos  os elementos narrativos e as modalidades textuais pertencentes a esse gênero.


Introdução
O Parque Estadual da Serra do Rola-Moça teve seu nome contado em 'causo' e imortalizado por Mário de Andrade em um poema que relata a história de um casal, que, logo após a cerimônia de casamento, cruzou a Serra de volta para casa, quando, então, o cavalo da moça escorregou no cascalho e caiu no fundo do grotão. O marido, desesperado, esporou seu cavalo ribanceira abaixo 'e a Serra do Rola-Moça, Rola-Moça se chamou'.





Serra do Rola-Moça

A Serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não...
Eles eram do outro lado,
Vieram na vila casar.
E atravessaram a serra,
O noivo com a noiva dele
Cada qual no seu cavalo.

Antes que chegasse a noite,
Se lembraram de voltar.
Disseram adeus para todos
E puseram-se de novo
Pelos atalhos da serra
Cada qual no seu cavalo.
Os dois estavam felizes,
Na altura tudo era paz.

Pelos caminhos estreitos,
Ele na frente ela atrás.
E riam. Como eles riam!
Riam até sem razão.
A serra do Rola-Moça
Não tinha esse nome não,
As tribos rubras da tarde
Rapidamente fugiam
E apressadas se escondiam
Lá embaixo nos socavões
Temendo a noite que vinha.

Porém os dois continuavam
Cada qual no seu cavalo,
E riam. Como eles riam!
E os rios também casavam
Com as risadas dos cascalhos
Que pulando levianinhos
Da vereda se soltavam
Buscando o despenhadeiro.


Ah, Fortuna inviolável!
O casco pisara em falso.
Dão noiva e cavalo um salto
Precipitados no abismo
Nem o baque se escutou.

Faz um silêncio de morte.
Na altura tudo era paz...
Chicoteando o seu cavalo,
No vão do despenhadeiro.
O noivo se despenhou.

E a serra da Rola-Moça
Rola-Moça se chamou.
            
  Mário de Andrade



 Atividade
1)      Esse é um poema-narrativo. Quais elementos da narrativa você encontra no texto?
2)      O que significa “as tribos rubras”?
3)      Qual foi o desfecho da história?
4)      Procure no dicionário as palavras: atalhos, estreitos, socavões, cascalhos, vereda, despenhadeiro.
5)      Transforme o poema em prosa (texto escrito em parágrafos).






quarta-feira, 19 de junho de 2013

DICAS DE LEITURA COM SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM



O livro apesar de ter uma linguagem acessível, é bastante profunda e irônica. É importante não se ater apenas à história narrada, mas explorar também a personalidade e o perfil psicológico construído pela autora para cada personagem. A Hora da Estrela é um dos poucos trabalhos da escritora que se atém mais aos fatos do que à subjetividade intimista.

O relato é construído por duas camadas que se interligam de maneira contínua:
A camada do narrador: Rodrigo S.M., o primeiro narrador masculino na obra de Clarice, atormenta-se ao escrever uma novela sobre uma jovem nordestina. Ele questiona o tempo inteiro o seu próprio modo de narrar, o seu estilo, a sua capacidade de compreender Macabéa, moça de extração sócio-cultural inferior. Simultaneamente, tenta desvelar o jogo complicado que o seu texto empreende entre a ficção e a realidade. Em última instância, o que ele procura é desvendar o significado da literatura e da existência.
A camada de Macabéa: é o registro da medíocre trajetória no Rio de Janeiro de uma alagoana de 19 anos, moradora de um quarto de pensão que divide com quatro balconistas das Lojas Americanas. Macabéa é moça raquítica, feia, solitária e morrinhenta, além de ser uma datilógrafa de segunda categoria. Alienada, sonsa, adora ouvir a Rádio Relógio, coleciona pequenos anúncios num álbum e gostaria de ser artista de cinema. Trata-se de uma jovem sem qualquer tipo de vida interior, sem futuro e com um passado inexpressivo, quase cretina.

Após a leitura do livro, segue uma situação de aprendizagem que pode ser realizada a partir da leitura do texto :



A  HORA  DA  ESTRELA
                                                                Clarice Lispector

Rodrigo S. M., narrador onisciente, constitui um dos personagens centrais de "A Hora da Estrela", de Clarice Lispector. Cria e narra a vida de Macabéa. Identifica-se com ela, mesmo quando a agride. Nota-se aí uma metalinguagem: autor - narrador fala de sua própria obra e busca nela e com ela conhecer-se e reconhecer-se. "Mas a pessoa de quem falarei mal tem corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, não faz falta a ninguém.”
O narrador se funde com sua personagem: ambos marginalizados, num espaço impróprio para eles. Toda a expressão do texto é para se explicar. Rodrigo acaba priorizando o relato dos recursos textuais a falar de Macabéa. Essa, ironicamente, só ganha destaque na hora de sua morte. Por isso o título: A hora da estrela, hora da nossa morte. Nesse momento, o ser humano deixa de ser invisível às pessoas. Elas só percebem tal existência quando ela já não existe mais.
O romance narra as desventuras de Macabéa, moça sonhadora e ingênua, recém-chegada do Nordeste ao Rio de Janeiro com valores e cultura diferentes. Alagoana, virgem, ignorante, dezenove anos. Órfã de pai e mãe, criada pela tia. Diz-se "datilógrafa". Corpo franzino, doente, feia, maus hábitos de higiene. Desprovida de qualquer encanto e incapaz de comunicar-se com os outros. Veio para o Rio buscar a dignidade, como se não tivesse direito a ela. Essa nordestina leva uma vida simples, sem grandes emoções. Começa a namorar Olímpico de Jesus. Ele não vê nela chances de ascensão social de qualquer tipo. Por isso, abandona-a para ficar com Glória, colega de trabalho.
Macabéa vai ao médico. Está tuberculosa, mas não conta a ninguém. Glória percebe sua tristeza e a aconselha a buscar consolo numa cartomante. Madame Carlota prevê um futuro feliz, vindo de um estrangeiro, homem loiro com quem casaria. De certa forma, isso acontece: ao sair da casa da cartomante, Macabéa é atropelada por uma Mercedes amarela dirigida por um homem loiro. Cai no asfalto, morre.

Texto II - LITERATURA  DE  CLARICE LISPECTOR


Clarice adota discurso regionalista em “A hora da estrela”, algo incomum em suas obras. A autora foi muitas vezes criticada por se afastar da literatura regional emergente do Modernismo Brasileiro. Em “A hora da estrela”, ela foge do "hermetismo" característico de suas primeiras obras e alia sua linguagem à vertente regionalista da segunda geração do Modernismo Brasileiro. Na época da publicação, o crítico literário Eduardo Portella falou do surgimento de uma "nova Clarice", com uma narrativa extrovertida e "o coração selvagem comprometido com a situação do Nordeste Brasileiro. A hora da estrela é uma obra-prima da literatura brasileira, principalmente, pelas reflexões de Rodrigo sobre o ato de escrever, sua própria vida e a anti-heroína Macabéa.



1.   O narrador do texto é considerado onisciente porque:



A – narra todos os acontecimentos

B – conhece tudo sobre a história e os personagens do texto

C – está presente em várias passagens do texto

D – muda a trajetória dos personagens



2.   A metalinguagem do texto aparece quando o autor:



A – fala de sua vida

B – fala sobre sua obra

C – fala de sua personagem principal

D – cria um personagem



3.   De acordo com o final do 1º parágrafo do texto, Macabéa era:



A – bonita

B – interessante

C – prostituta

D – inútil



4.   Rodrigo S. M., no livro “A Hora da estrela” é:



A – apenas narrador

B – apenas personagem

C – personagem e narrador

D – nem personagem nem narrador



5.   Nesse texto, Macabéa e o narrador:



A – são marginalizados e vivem num espaço próprio para eles.

B – não são marginalizados, mas vivem num espaço impróprio para eles.

C – são marginalizados e vivem num espaço impróprio para eles.

D – são marginalizados, mas vivem num espaço apropriado para qualquer pessoa.



6.   No livro a autora faz uma crítica às pessoas, pois elas só dão valor aos outros quando:

A –   nascem

B – fazem algo interessante

C – têm dinheiro

D – morrem



7.   O narrador do texto(Rodrigo) enfatiza em seu relato:



A – Macabéa

B – os demais personagens do texto

C – a si mesmo

D – os recursos textuais



8.   A hora da Estrela, hora mais importante de qualquer pessoa, nesse livro de Clarice está mesmo no momento de:



A – nossa chegada ao mundo.

B – nossa partida desse mundo.

C – um feito interessante em nossa vida.

D – uma reflexão sobre a vida.

 

9.   Nesse romance de Clarice Lispector, ela mostra Macabéa, como uma:



A – uma retirante alagoana vinda para o São Paulo sem cultura e valores.

B – uma retirante nordestina vinda para o Rio de Janeiro com cultura e valores diferentes.

C – uma mineira vinda para o Rio de Janeiro com cultura e valores diferentes.

D – uma retirante nordestina vinda para o Rio de Janeiro com cultura e valores iguais aos cariocas.



10. Olímpio de Jesus abandona Macabéa principalmente por que: 



A – Macabéa não lhe mostrava chances de ascender-se socialmente.

B – Macabéa era feia, pobre e inexperiente.

C – Glória, sua nova namorada, era bonita, inteligente e o amava de verdade.

D – ele amava Glória de verdade. 

 Indico aos meus colegas, que trabalhem o livro em sala, é uma ótima opção de leitura e os alunos gostam muito.